Segundo o empresário, as autoridades aeronáuticas da própria Colômbia — além de Venezuela, Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina — autorizaram que a LaMia realizasse voos sobre a região.
O empresário venezuelano Ricardo Albacete, dono do avião que caiu com o time de futebol da Chapecoense em 2016, culpou uma controladora de voo do aeroporto de Rionegro, na Colômbia, pelo desastre que matou 71 pessoas em novembro daquele ano. Fundador da companhia aérea LaMia, ele participou de audiência pública na CPI que acompanha a situação das vítimas e familiares do acidente.
O voo 2933 saiu de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para Medellín, na Colômbia. A Chapecoense disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Por volta das 22h, o piloto declarou emergência. Quinze minutos depois, a torre de controle perdeu contato com a aeronave, que se chocou contra um monte.
De acordo com Ricardo Albacete, mesmo após a tripulação da LaMia ter pedido prioridade para aterrissar por “problemas de combustível”, a controladora de voo Yaneth Molina deu preferência a outra aeronave.
— Infelizmente a tripulação não insistiu com o controle aéreo e não declarou emergência de antemão. Seguiu fazendo minutos de espera. O outro avião também tinha pedido prioridade, mas não era emergência. O piloto da LaMia sabia a altura da aeronave, mas não sabia onde estava em relação à pista. O que ele fez? Procurou a pista, mas não tinha mais potência. A senhora Molina os matou — disse.
Albacete reconhece que a aeronave tinha pouco combustível no momento do acidente, mas, segundo ele, a autonomia era suficiente para cumprir a distância entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín. Apesar disso, o empresário avalia que a tripulação “não cumpria exatamente as regras da aviação”, uma vez que não havia uma margem de segurança para enfrentar situações de emergência.
— Havia pouco combustível. Infelizmente, eles não seguiam as regras aí. Os tripulantes foram intrépidos, audazes. Nesse dia, infelizmente, eu os considero como idiotas. Mas esse avião, quando estava a 16 mil pés de altitude poderia chegar, passar por cima da pista e dar uma volta de reconhecimento de voo. Infelizmente, a senhora Yaneth Molina os mandou para as montanhas — afirmou.
Apólice de seguro
Albacete rebateu a acusação de que a LaMia descumpriu uma cláusula de exclusão prevista no contrato de seguro da aeronave que impedia o acesso ao espaço aéreo da Colômbia. Segundo o empresário, as autoridades aeronáuticas da própria Colômbia — além de Venezuela, Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina — autorizaram que a LaMia realizasse voos sobre a região.
— Você não pode fazer o contrato de um voo charter em nenhum país da América Latina sem que a autoridade aeronáutica aprove e revise o contrato. Naquele momento, a aeronáutica do Brasil revisou o contrato da Chapecoense? Acredito que não. A Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] não avisou que a Chapecoense não poderia ir à Colômbia. Ninguém se deu conta disso. Todos participaram do erro — disse.
O relator da CPI, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), questionou Ricardo Albacete sobre a apólice firmada entre a LaMia e a corretora AON, baseada na Inglaterra. Um contrato anterior, que previa prêmio de US$ 300 milhões, foi substituído por outro, no valor de US$ 25 milhões, insuficiente para arcar com as indenizações do acidente com o voo da Chapecoense.
O empresário admitiu que o contrato de US$ 300 milhões tinha duas parcelas vencidas por falta de pagamento. A filha dele, Loredana Albacete, negociou então com a AON uma “apólice de transição” de seis meses, com o valor mais baixo. O fundador da LaMia reconheceu que, embora tenha recebido cópias do novo contrato, não leu a documentação.
— Sim, eu falhei. Eu falhei não porque li e não entendi, mas porque não li. Eu estava totalmente chateado, estava cheio de coisas. Eu não quis saber de nada. Minha filha de forma respeitosa me mandava as cópias. Mas eu mandava para o arquivo porque para mim é muito trabalho. Eu nunca teria aceitado menos de US$ 300 milhões. Nunca, jamais — disse.
Albacete disse que, mesmo com a inadimplência, o seguro de US$ 300 milhões estava em vigor. Isso porque as autoridades aeronáuticas não foram oficialmente comunicadas sobre o cancelamento da cobertura. Ele classificou a rede de seguradoras e resseguradoras do setor de aviação como “uma máfia, que não se importa com a miséria ou a dor das pessoas”.
— Quando houve o acidente, o seguro estava vigente. Não foi pago? Bom, não foi pago. É uma dívida. Aqui tem muitos culpados. Entre eles, eu. Porque eu lamentavelmente sou o pai dessa criatura que começou na Venezuela e terminou com toda a dor da minha alma. Mas o seguro é quem paga. Para isso tem o seguro. O seguro é feito para que? Para roubar o dinheiro das pessoas? — questionou.
Outro sócio
A CPI ouviu ainda o empresário boliviano Marco Rocha Venegas, sócio da LaMia. Por meio de videoconferência, ele confirmou que as autoridades aeronáuticas de países da América Latina nunca questionaram a apólice de seguro apresentada pela companhia para voos na região.
Fonte: Agência Senado
O empresário venezuelano Ricardo Albacete, dono do avião que caiu com o time de futebol da Chapecoense em 2016, culpou uma controladora de voo do aeroporto de Rionegro, na Colômbia, pelo desastre que matou 71 pessoas em novembro daquele ano. Fundador da companhia aérea LaMia, ele participou de audiência pública na CPI que acompanha a situação das vítimas e familiares do acidente.
O voo 2933 saiu de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para Medellín, na Colômbia. A Chapecoense disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Por volta das 22h, o piloto declarou emergência. Quinze minutos depois, a torre de controle perdeu contato com a aeronave, que se chocou contra um monte.
De acordo com Ricardo Albacete, mesmo após a tripulação da LaMia ter pedido prioridade para aterrissar por “problemas de combustível”, a controladora de voo Yaneth Molina deu preferência a outra aeronave.
— Infelizmente a tripulação não insistiu com o controle aéreo e não declarou emergência de antemão. Seguiu fazendo minutos de espera. O outro avião também tinha pedido prioridade, mas não era emergência. O piloto da LaMia sabia a altura da aeronave, mas não sabia onde estava em relação à pista. O que ele fez? Procurou a pista, mas não tinha mais potência. A senhora Molina os matou — disse.
Albacete reconhece que a aeronave tinha pouco combustível no momento do acidente, mas, segundo ele, a autonomia era suficiente para cumprir a distância entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín. Apesar disso, o empresário avalia que a tripulação “não cumpria exatamente as regras da aviação”, uma vez que não havia uma margem de segurança para enfrentar situações de emergência.
— Havia pouco combustível. Infelizmente, eles não seguiam as regras aí. Os tripulantes foram intrépidos, audazes. Nesse dia, infelizmente, eu os considero como idiotas. Mas esse avião, quando estava a 16 mil pés de altitude poderia chegar, passar por cima da pista e dar uma volta de reconhecimento de voo. Infelizmente, a senhora Yaneth Molina os mandou para as montanhas — afirmou.
Apólice de seguro
Albacete rebateu a acusação de que a LaMia descumpriu uma cláusula de exclusão prevista no contrato de seguro da aeronave que impedia o acesso ao espaço aéreo da Colômbia. Segundo o empresário, as autoridades aeronáuticas da própria Colômbia — além de Venezuela, Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina — autorizaram que a LaMia realizasse voos sobre a região.
— Você não pode fazer o contrato de um voo charter em nenhum país da América Latina sem que a autoridade aeronáutica aprove e revise o contrato. Naquele momento, a aeronáutica do Brasil revisou o contrato da Chapecoense? Acredito que não. A Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] não avisou que a Chapecoense não poderia ir à Colômbia. Ninguém se deu conta disso. Todos participaram do erro — disse.
O relator da CPI, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), questionou Ricardo Albacete sobre a apólice firmada entre a LaMia e a corretora AON, baseada na Inglaterra. Um contrato anterior, que previa prêmio de US$ 300 milhões, foi substituído por outro, no valor de US$ 25 milhões, insuficiente para arcar com as indenizações do acidente com o voo da Chapecoense.
O empresário admitiu que o contrato de US$ 300 milhões tinha duas parcelas vencidas por falta de pagamento. A filha dele, Loredana Albacete, negociou então com a AON uma “apólice de transição” de seis meses, com o valor mais baixo. O fundador da LaMia reconheceu que, embora tenha recebido cópias do novo contrato, não leu a documentação.
— Sim, eu falhei. Eu falhei não porque li e não entendi, mas porque não li. Eu estava totalmente chateado, estava cheio de coisas. Eu não quis saber de nada. Minha filha de forma respeitosa me mandava as cópias. Mas eu mandava para o arquivo porque para mim é muito trabalho. Eu nunca teria aceitado menos de US$ 300 milhões. Nunca, jamais — disse.
Albacete disse que, mesmo com a inadimplência, o seguro de US$ 300 milhões estava em vigor. Isso porque as autoridades aeronáuticas não foram oficialmente comunicadas sobre o cancelamento da cobertura. Ele classificou a rede de seguradoras e resseguradoras do setor de aviação como “uma máfia, que não se importa com a miséria ou a dor das pessoas”.
— Quando houve o acidente, o seguro estava vigente. Não foi pago? Bom, não foi pago. É uma dívida. Aqui tem muitos culpados. Entre eles, eu. Porque eu lamentavelmente sou o pai dessa criatura que começou na Venezuela e terminou com toda a dor da minha alma. Mas o seguro é quem paga. Para isso tem o seguro. O seguro é feito para que? Para roubar o dinheiro das pessoas? — questionou.
Outro sócio
A CPI ouviu ainda o empresário boliviano Marco Rocha Venegas, sócio da LaMia. Por meio de videoconferência, ele confirmou que as autoridades aeronáuticas de países da América Latina nunca questionaram a apólice de seguro apresentada pela companhia para voos na região.
Fonte: Agência Senado
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