Uma contribuição da Associação Brasileira de Segurança de Aviação – ABRAVOO , auxiliada pela pesquisa simples e rápida.
O transporte aéreo no Brasil teve um declínio acentuado, influenciado devido à situação de uma pandemia que impactou diversos países de forma expressiva. A aviação comercial sente esse efeito, não resultante de sua capacidade em responder a situação de contingência, mas por diversos fatores que influenciaram no “impedimento”, voluntário ou não, de deslocamento das pessoas. Aborda-se nesse texto a questão de transporte de passageiros, mas não de carga.
Em 31 de dezembro de 2019, foram registrados casos da COVID-19, chamada assim devido ao agente infeccioso pertencer a uma família: Coronavírus. Os coronavírus humanos são conhecidos desde 1937 (BRASIL, 2020). Há uma gama de informações que ressalta aspectos desse vírus e suas implicações biológicas e antrópicas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de janeiro declarou o surto da COVID-19: “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional” – o mais alto nível de alerta da Organização, e em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia (OPAS, 2020).
Essa problemática da pandemia da COVID19 efetivou um efeito em cascata em diversos segmentos da vida e do cotidiano das pessoas. Apenas como exemplo, a demanda doméstica por voos cai 32,9% em março, o número de passageiros recuou de 7,7 milhões para 4,9 milhões na comparação com março de 2019, segundo dados da Assessoria de Comunicação Social da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
A Agência também informou que foram transportados no mês passado 4,9 milhões de passageiros pagos ante 7,7 milhões de embarques registrados em igual período do ano anterior. A oferta de voos no mercado doméstico também caiu, no período comparado, com redução de 24,6%. A taxa de ocupação (aproveitamento) dos assentos oferecidos nas aeronaves das principais empresas brasileiras ficou em 72,1% em março deste ano, uma queda de 11% em relação aos 80,9% verificados no mesmo mês de 2019.
Devido à pandemia, o Brasil adotou uma malha aérea essencial a partir de 28 de março de 2020. Houve uma redução de 91,6%, e até o fim de abril, passou de 14.781 para 1.241. Houve a distribuição dos voos para as 26 capitais de estados. No aspecto internacional, a demanda caiu 42,4%, sendo que a retração atingiu cerca de 30,1%. O transporte de passageiros também reduziu a ocupação de aeronaves de apenas 66,7% (17,6% menor que em março 2019).
CONTEXTUALIZAÇÃO
Sintomas, Transmissão, Diagnósticos, bem como forma de se proteger, foram divulgados. Além do mais, foram divulgadas também maneiras de se comportar daquelas pessoas que apresentassem os sintomas da doença, bem como divulgou-se as dicas para viajantes, avaliando-se a real necessidade de deslocamento (BRASIL, 2020).
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) informou, em 18 de março de 2020, que as suas associadas já registravam, em média, queda de 50% na demanda por voos domésticos e redução de 85% nas viagens internacionais, em relação ao mesmo período do ano passado.
Sendo que devido ao fechamento de fronteiras de diversos países, bem como as restrições de viagens aéreas, as empresas aéreas comunicaram reduções de capacidade e cancelamentos de voos para poderem enfrentar a maior crise da história da aviação comercial. (ABEAR – Associação Brasileira das Empresas Aéreas. (ABEAR, 2020)
Em seguida, a ABEAR publica que o transporte aéreo de passageiros no país tem queda de 93,09% em abril. (ABEAR, 2020)
Com esse cenário instalado, resta entender quais aspectos influenciam a atual situação, uma vez que os voos diminuíram em quantidade no que tange aos passageiros embarcados em aviões comerciais. Ademais, as pessoas estariam dispostas ou não a efetivamente embarcar no transporte aéreo?
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi efetivada com auxílio de um questionário simples, que de forma rápida e práticas as pessoas pudessem responder a um questionário curto, com cinco tópicos, sendo quatro deles com alternativas de marcação de escolha, com resposta obrigatória, e uma pergunta efetivada de forma aberta para que o voluntário efetivasse, sem ser obrigatório, um posicionamento sobre o assunto em pauta.
No período de 20 a 25 de maio de 2020, efetivou-se a divulgação do formulário de pesquisa, confeccionado no aplicativo Google Forms, na rede mundial de computador e distribuído de forma não segmentada em mídias sociais, no LinkedIn e WhatsApp.
A divulgação do questionário utilizou-se das redes sociais em mídias. Tanto na rede LinkedIn quanto no WhatsApp, foram inseridos o link do questionário (https://www.google.com/url?q=https://forms.gle/eSnKaEpvukGTZnycA&sa=D&ust=1590691642652000&usg=AFQjCNEidkvx0f9P8bJODarHjlLeBwBocA) para as devidas respostas voluntárias. O LinkedIn conta com milhões de usuário no Brasil e no mundo, porém o objetivo foi inserir a pesquisa apenas para o público brasileiro, e o formulário foi elaborado apenas em língua portuguesa.
LinkedIn é uma rede social de negócios fundada em dezembro de 2002 e lançada em 5 de maio de 2003. Essa rede é mais voltada para o público empenhado em negócios. Foram efetivadas 621 visualizações na divulgação do formulário, e o link disponível para acesso ao formulário foi: https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6669042720075501568/.
WhatsApp é um aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones. O WhatsApp é uma rede social mais generalizada e dessa forma, a divulgação nessa rede colabora no sentido de a informação gerada ser de um público diverso que poderia ou não ter vínculo com o setor aéreo.
RESULTADOS
Durante a disponibilidades do formulário de resposta via rede de computadores mundial, do dia 20 ao dia 25 de maio de 2020, foram obtidas 95 respostas viáveis. Do total de respostas aqui consideradas, 49 efetivaram de forma colaborativa e voluntária o último quesito (resposta aberta).
As abordagens das respostas abertas elencaram sugestões, dúvidas e outros aspectos os quais estão exemplificados no tópico DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES.
Ainda que pese um alto grau de influência da mídia em geral, na difusão da problemática da pandemia da COVID19, conforme demostrado nos dados (Gráfico 3, abaixo), acarretando redução de voos com passageiros a bordo, cerca de 70,5% das pessoas que responderam à pesquisa informam que faria uma viagem sim (Gráfico 2) nessa época de pandemia e apenas 10,6% responderam que não fariam ou não ficariam tranquilos em viajar hoje (Gráfico 1).
Ser seguro ou não a viagem nessa época de pandemia é um fator tão relativo, que praticamente houve um empate, pois 34,7% responderam que sim, 33,7% que não e 30,5% tem dúvida quanto ao aspecto de ser ou não seguro viajar (Gráfico 4).
O foco central da pesquisa é justamente a questão da segurança de voo, e a grande proporção, 70,5%, de inferência ao aspecto de existir “BARREIRAS/DEFESAS”, destacou-se no gráfico 2. Esse fato reflete a confiança e a certeza de que o modal aéreo resiste internamente em seu aspecto de cultura formada nos pilares da segurança operacional (ou segurança de voo, como ainda se pode ouvir).
Apenas 13,7% das pessoas acham que podem ser ineficientes as barreiras/defesas existentes, o que coloca esse grupo em uma situação não confortável para efetivar uma viagem com tranquilidade no transporte aéreo (Gráfico 2).
Quanto ao fato de haver contaminação no decorrer de suas viagens, um pouco mais de pessoas esperam que a contaminação ocorra a bordo, do que durante sua passagem nas instalações dos aeroportos. O confinamento e a proximidade das pessoas dentro das aeronaves, possivelmente seja um fator importante nessa percepção (Gráfico 3).
Dos dados coletados e que ficaram armazenados e disponibilizados, foram extraídos os gráficos abaixo.
DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES
Uma das preocupações que poderia ser abordada na pesquisa seria o aspecto da circulação de ar dentro das aeronaves, assim aviões e helicópteros, deveriam ser tratados de forma diferente em pesquisa mais aperfeiçoada, bem como seus aspectos de pressurização. Como o objetivo dessa pesquisa teve o condão de entender como está a reação dos passageiros de aviação comercial, não houve separação entre os tipos de aeronaves, o que levaria a uma forma menos dinâmica de obtenção das respostas.
As respostas ao quesito em aberto estão disponíveis em formato PDF ADOBE, porém por questões de dados pessoais existentes em algumas repostas que foram feitas de forma voluntária, não seria possível sua publicação nesse texto. Assim, aqueles que tiverem interesse em tais respostas abertas, solicitamos que entrem em contato com o autor.
Percebe-se no momento que diversas ações já estão previstas. Inclusive, as autoridades de saúde, vigilância sanitária, aviação e outras envolvidas contam com planos, chamados em sua concepção, de contingência. Dessa forma, aponta-se que as baixas em demanda e procura, ficaram muito direcionadas aos aspectos não relacionados ao modal aéreo. E sim, a interferências externas.
Quanto ao quesito direcionado às abordagens das respostas abertas elencaram-se diversos aspectos e abordagem. A seguir, as informações resumidas quanto às respostas:
Entre outras, pode-se citar: cultura de higienização pessoal e coletiva; teste para pessoas antes do embarque; utilização de equipamento que efetivamente protejam os passageiros; equipamentos em aeronaves e terminais de passageiros adequados aos conceitos de higienização e limpeza devidos a atual pandemia; número de passageiros reduzidos, tendência em aumento no fluxo de turistas; busca da volta à normalidade das atividades aéreas; resguardo dos grupos de risco; estímulo à economia; alta possibilidade de contaminação a bordo de aeronaves; a volta das operações aéreas de forma segura; aviação é o meio mais seguro de viajar e a atual situação não muda esse aspecto; aprendizagem de nova modalidade de mitigação de riscos; necessidade de a própria aviação demonstrar que é segura; preocupação de saúde financeira das empresas aéreas; desconhecimento de forma exata de lidar com o agente causador da doença; treinamento continuado nessa época de poucos voos; tendência de queda de preço de passagens aéreas; cenário incerto; procedimento que possam impedir pessoas contaminadas a bordo; receio de repasse de custo aos passageiros; divulgação de normas sanitárias voltadas à segurança na aviação; receio de redução da consciência situacional por parte de tripulantes e entes envolvidos no modal.
CONCLUSÕES
A rápida disseminação e impactos de uma doença, a COVID19, não afetou a percepção de que a aviação se apresenta como uma atividade de apoio ao deslocamento tão essencial quanto segura. A influência externa provocada pela pandemia do COVID19 se deu de uma forma rápida e incisiva. Mesmo existindo meios e conceito de segurança, o modal, em sua capacidade de transportar passageiros em voos comerciais, sentiu profundamente o impacto da pandemia que resultou em uma forte demanda reprimida.
A grande maioria das pessoas fariam uma viagem mesmo com a informação incisiva da mídia influenciando a percepção da real situação. A quantidade de voos com passageiro foi drasticamente reduzido e há uma expectativa de retorno das operações aéreas o quanto antes. Viagem nessa época de pandemia é um fator tão relativo, e ser ou não seguro é uma questão que praticamente houve um empate nos percentuais.
As barreiras/defesas, foco da pesquisa na questão da segurança de voo, tende a uma aceitação forte, relevante na confiança do transporte aéreo. Uma pequena percentagem das pessoas não se encontra em situação confortável em viajar com tranquilidade no transporte aéreo.
Caberia ao setor aéreo, quando o aspecto é transporte de passageiros comercialmente, levar ao conhecimento do público a certeza de que o modal se encontra em plena capacidade de efetivar os voos com a segurança que os passageiros pretendam. Afinal, confinamento e proximidade das pessoas dentro das aeronaves, não são fatores que não possam ser transponíveis.
Dessa forma, ao que se infere, apesar de o cenário atual não indicar condições de volta à normalidade em pouco tempo, as pessoas acreditam e aceitam a aviação como um transporte seguro e em condições de retomada das operações aéreas.
Sugere-se que possa haver uma pesquisa mais aprofundada com aporte mais robusto.
Referências e Consultas
ABEAR – Associação Brasileira das Empresas Aéreas. Acessado em 28/05/2020. https://www.abear.com.br/imprensa/agencia-abear/noticias/abear-demanda-domestica-recua-50-e-a-internacional-85/ )
ABEAR – Associação Brasileira das Empresas Aéreas. Acessado em 28/05/2020. (https://www.abear.com.br/imprensa/agencia-abear/noticias/transporte-aereo-de-passageiros-no-pais-tem-queda-de-9309-em-abril/)
BRASIL. ANAC. Agência Nacional de Aviação Civil. Acessado em 28 de maio de 2020. (https://www.anac.gov.br/coronavirus)
BRASIL. Ministério da Saúde (https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid BRASIL, MIN SAÚDE 28/05/2020)
BRASIl, Mnistério da súde (https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid BRASIL, MIN SAÚDE 28/05/2020)
OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. OMS – Organização Mundial da Saúde (https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875. Acessado em 28 de maio de 2020)
GOOGLE DOCS. GOOGLE. Acessado em 18 de maio de 2020. (https://docs.google.com/forms/d/1E4__pMv9pAJ9geMvrVDinTSP0BP4qwXw1Z8T1mcTkFI/edit)
GOOGLE. Google Forms. Disponível em https://www.google.com/intl/pt-BR/forms/about/
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LINKEDIN. Disponível em www.linkedin.com
LINKEDIN. https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6669042720075501568/
PDF, ADOBE. https://acrobat.adobe.com/br/pt/acrobat/pdf-reader.html
WHATSAPP. Disponível em https://www.whatsapp.com/
Associação Brasileira de Segurança de Aviação – ABRAVOO
Joselito Paulo da Silva
Biólogo. Esp Biociências Forenses, Elemento Certificado CENIPA EC-PREV EC-AA
Jotapaulos10@gmail.com
https://www.linkedin.com/in/joselitopaulo/
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Pedro
02/07/2020, 10:24Excelente matéria, inclusive me deixou mais tranquilo, tendo em vista que irei vijar em breve. Não vou cancelar meu voo não!
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