Trabalhar na aviação sem diploma? Sem problemas! Por Regers Vidor(Air Talent)

Trabalhar na aviação sem diploma? Sem problemas! Por Regers Vidor(Air Talent)

Suporte Técnico: Treinamento, Licenças, Ferramentaria, Publicações Técnicas.

Conheça neste artigo algumas áreas de trabalho na aviação que são utilizadas por muitas pessoas que ainda estão estudando e buscam inicio em empresas de aviação. Claro que os profissionais experientes nessas áreas possuem formação adequada e vasta experiência! Mas, muitas vezes essas áreas são portas de entradas para profissionais que encontram ali uma primeira oportunidade na aviação. Conheça as áreas de Suporte Técnico: Treinamento, Licenças, Ferramentaria, Publicações Técnicas.

Suporte técnico! É assim que costumo chamar as áreas técnicas correlatas ao bom andamento dos setores de Manutenção e Operações em companhias aéreas, táxis aéreos e organizações de manutenção. Certa vez, um amigo meu descreveu da melhor forma: “esse pessoal que você não vê faz a aviação que você vê!”. Tenho dois motivos para elencar, descrever e prestigiar essas carreiras na aviação, Primeiro porque de fato há pessoas competentes que tocam essas áreas que são fundamentais para o bom andamento da operação no final do dia. Se você tirar esses setores, eu te garanto que sua operação não vai chegar viva no mês que vem! Segundo, porque são áreas muito relevantes na aviação. Ou você tem a oportunidade de trabalhar em uma delas, ou seja, oportunidade real de trabalho, ou você conhece alguém que trabalha nessa área e cujo serviço é fundamental para que sua operação funcione.

Sendo assim, vamos explicar:

Treinamento – O setor de treinamento, tanto em operações como em Manutenção é absolutamente necessário. Você precisará de alguém para cuidar dos cursos iniciais dos profissionais que a empresa contrata, alguém que execute as instruções contidas no seu Programa de Treinamento (seja de operações ou manutenção), você vai precisar de alguém que administre a grade de cursos de reciclagem para o pessoal que está na ativa, vai precisar de instrutores treinados e atualizados. Pode crer, vai sim. Cursos de reciclagem, tanto para pilotos como para os técnicos são fundamentais, absolutamente requeridos por força de regulamentação e se você furar com as datas de renovação de algum deles, acabará pagando o salário de alguém que não poderá desempenhar a função. Isso significa que você poderá ter um piloto ou técnico habilitado, mas sem o curso atualizado naquele equipamento, dai não produtivo. Não pode se atuar com a capacitação pela qual foi contratado.

Licenças – Complementando o setor de treinamento, temos o setor de licenças. Muito pior do que você deixar um profissional vencer o curso de reciclagem, é deixar algum profissional vencer a habilitação sem a devida renovação. Percebeu como uma pessoa dedicada a esta área é importante? Profissionais dedicados às renovações de licenças nas empresas são importantes porque o número de técnicos e aviadores na organização pode ser tal que o volume dos vencimentos e renovações seja enorme e torne a tarefa realmente complexa. Refiro-me ao fato de que as licenças dos profissionais geralmente não vence na mesma época. Acabam sendo distribuídas ao longo do ano, até por uma questão factível, para que os exames e as renovações ocorram na equipe de forma que sempre haverá alguém habilitado cobrindo alguém que está renovando licença. Um setor típico de licenças cuida dos planejamentos de vencimentos das licenças dos técnicos e aviadores com antecedência, pois em todos os casos deve ser encaminhado para a ANAC com antecedência o processo de renovação. Some-se a isso a gestão dos vencimentos dos cursos. Há casos, de empresas, como Taxi aéreo Offshore, onde o prazo de renovação de treinamentos é menor do que o prazo regular da ANAC, devido a um requisito de excelência operacional demandado pelos clientes. Esse fato aumenta a necessidade de ter o pessoal sempre se reciclando e demanda observar uma estrutura adequada para ministrar os cursos e treinamentos que não apenas se referem aos cursos nas aeronaves, mas também em procedimentos de qualidade, treinamentos em simulador de voo (aviadores) e programas específicos do operador.

Ferramentaria – O ferramental aeronáutico é parte essencial no processo de certificação de uma Organização de Manutenção, conforme o RBAC 145 e também é requerido nas homologações pelos RBAC 135 e RBAC 121 (processo conduzido pelo RBAC 119) nos casos em que o operador se homologa para realizar inspeções e manutenção de linha nas aeronaves e componentes de sua frota. Sendo assim é vital possuir um departamento bem estruturado de ferramentaria, em todos esses operadores homologados.

Um departamento de ferramentaria completo cuida da conservação das ferramentas originais adquiridas dos fabricantes e também da apropriação de ferramental fabricado por equivalência ao ferramental original do fabricante do produto aeronáutico original. Explico: há um processo apropriado de confecção e equivalência de ferramental onde demonstra-se para a autoridade aeronáutica que a ferramental especial foi confeccionada segundo um padrão mínimo adequado que é equivalente ao original. Há projeto mecânico e verificações incluídos.

A importância de ferramentaria bem administrada é tão vital que visa não apenas garantir a proteção do patrimônio e a disponibilização dos instrumentos corretos e de boa qualidade aos técnicos mas também de prevenir casos em que uma ferramenta pode inadvertidamente ser esquecida a bordo num helicóptero, por exemplo, e ocasionar um risco à segurança de voo. Para administrar isso há diversos controles redundantes de ferramental, sejam físicos (etiquetas que indicam se a ferramenta solicitada já retornou ao setor após o uso no final do dia) e até mesmo controles informatizados onde a solicitação e devolução das ferramentas ocorrem via leitura de código de barras e com atualização instantânea do inventário. Tudo feito em prol da segurança de voo.

Outra atuação importante do setor de Ferramentaria é suprir as bases de manutenção com as quantidades e tipos de ferramentas adequadas à realização dos serviços homologados para aquela localidade e para o tipo de aeronave ou componente em operação. Também deve-se controlar o vencimento das ferramentas calibráveis a fim de que sejam removidas e enviadas para os laboratórios de calibração antes do vencimento a fim de evitar indisponibilidade de ferramental para realização do serviço com segurança.

Technical Publications – Por último, mas não menos importante está o setor de Publicações técnicas. Se você acha exagerado a preocupação com o rigor na administração deste setor, deixe-me dar três exemplos:

1)     Toda certificação RBAC 145 para organizações de manutenção ou RBAC 135 e 121, seja para aviadores ou técnicos, exige que todas as publicações utilizadas pelos setores sejam adquiridas e controladas segundo a revisão mais recente emitida pelo fabricante daquele componente ou aeronave. Esse é um requisito de homologação cujo cumprimento é obrigatório. Não é opcional. Se você não possuir disponível em sua empresa as publicações técnicas oficiais atualizadas com comprovante de pagamento (sim, algumas assinaturas de manuais podem chegar a US$ 50 mil por operador) e em sua última versão, conforme índice atualizado do fabricante, sua empresa simplesmente não sairá do chão. Não receberá a homologação da ANAC.

2)     Outra informação importante reside no fato de que você não será permitido executar manutenção nas aeronaves em bases distantes da base principal se não tiver meios de comprovar que aquela base possui copias atualizadas dos manuais (geralmente em disco DVD) ou por meio eletrônico de acesso (internet ou intranet) idênticos aos que são utilizados na base principal de manutenção.

3)     Já ouviu falar em cartas de navegação? Pois é, todas as aeronaves da frota necessitam possuir a bordo um conjunto de publicações técnicas da empresa, conforme sua homologação na ANAC para garantir o acesso aos aviadores a todos os manuais requeridos para o voo e que estejam atualizados. Os manuais podem ser, além das cartas de navegação, a lista de equipamentos mínimos – MEL, a Configuration Deviation List – CDL, os manuais de voo requeridos por operador e documentos da aeronave. Nota: esses manuais e documentos não se atualizam e mantêm-se atualizados num passe de mágica. Você deverá possuir pessoas treinadas e capacitadas a realizar esse serviço no setor de publicações técnicas da empresa. Por isso, reserve uma vaga pelo menos para um profissional desse nos seus quadros de funcionários.

Fonte:https://airtalent.com.br/

Sobre o Autor

Regers Vidor é consultor e professor de graduação e pós graduação em áreas técnicas (aeronáutica) e administração de empresas. Engenheiro Mecânico e Aeronáutico (EESC-USP), pós graduado em Administração de empresas (EAESP-FGV e Columbia Business School – NY) com 25 anos de experiência em aviação civil atuando em certificação e gestão de empresas aéreas e oficinas (RBACs 121/135/145). Foi Diretor Técnico/ Gerente Técnico de empresas como TRIP Linhas aéreas, Avianca, AZUL, CHC Helicopters, Omni Aviation, Sideral Linhas aéreas. Foi responsável técnico por mais de 190 grandes aeronaves. Trabalhou com diversos modelos tais como: ATR 42/72, Embraer T-27/ EMB-120/ E-JETS 175/190/195, Boeing 737-300/400/500, Airbus A-318/319/320/330, Fokker 100, CRJ-200, Helicopteros Sikorsky S-76/92A/61, Agusta AW-139/189, Eucocopter H-135/155/225. Já atuou como perito judicial e Árbitro em camaras de arbitragem. Possui formação em mediação e arbitragem internacional pelo TJSP e ICC – International Chamber of Commerce – Paris.

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