Para continuar este serviço, de forma segura, com menos congestionamentos no espaço aéreo e nos aeroportos, é preciso pensar de forma sistêmica, organizar as empresas aéreas, alocar a frota de acordo com suas ligações, investir em infraestrutura e gerenciar a aviação mundial.
“Os aeroportos constituem-se elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico de uma comunidade, pelo aumento da acessibilidade, pela vantagem competitiva à região, pela indução de negócios e novos empreendimentos, pela ampliação das relações comerciais e, também, pela possibilidade de expansão das atividades de turismo e lazer e suas externalidades positivas sobre o emprego local (BNDES, 2001).”
Benefícios e Impactos de um Aeroporto sobre a comunidade local
Os aeroportos exercem sua missão em muitos aspectos, não só nos descritos anteriormente, mas também onde muitas vezes representam a única comunicação com outras cidades ou, quando transportam valores, elementos de alto valor agregado, medicamentos e pessoas doentes que precisam de transferência entre hospitais. Embora os aeroportos necessitem de muitos investimentos significativos, não representam uma infraestrutura cara quando comparados aos milhares de quilômetros de trilhos e ou as extensões pavimentadas de rodovias entre cidades.
No entanto, medir o impacto positivo na economia e desenvolvimento tende a ser mais preciso quando analisado em larga escala, como um país, por exemplo, mas quando analisado em comunidades e/ou municípios, já se torna algo mais difícil e a literatura pode vir a superestimar valores. Para isso seria preciso analisar a fundo os custos de oportunidade envolvidos.
Os grandes aeroportos hubs, aeroportos escolhidos pelas companhias aéreas para concentração e distribuição de seus voos, concentram o volume de tráfego e isso induz ao congestionamento aéreo. Já os aeroportos regionais acabam por desafogar essa demanda e desenvolver sócio e economicamente a localidade aonde estão inseridos. A EMBRAER (2012) ressalta que essa integração nacional que a aviação regional proporciona, impulsiona a localidade (negócios e comércio) a demandar por melhores serviços e mais voos. O EUROCONTROL, em seu “Road Map to a Single European Transport Area” (2011), prevê que, por volta de 2030, seus principais aeroportos estejam saturados e, com isso, vem estimulando não só a aviação regional, mas também o que ela chama de Aeroportos Secundários, no intuito de conectar pequenas e médias cidades a mercados globais. Como exemplo disso ela apresenta o Aeroporto de Manchester, na Inglaterra, onde a empresa aérea Flybe montou seu hub regional com uma frota de aeronaves de 61-120 assentos.
Em suas previsões de mercado, a BOEING (2011) prevê que em 20 anos, entre 2011-2030, o PIB mundial crescerá 3,2% e o volume de passageiros 4,0%. Para continuar este serviço, de forma segura, com menos congestionamentos no espaço aéreo e nos aeroportos, é preciso pensar de forma sistêmica, organizar as empresas aéreas, alocar a frota de acordo com suas ligações, investir em infraestrutura e gerenciar a aviação mundial. No intuito de se reavaliar o papel dos aeroportos regionais no sistema de aviação civil e, por consequência, sua classificação, é importante conhecer as características de origem e destino da demanda pelo serviço de transporte aéreo. Assim, delimitar o número de aeroportos regionais que um país deve ter não é o foco de um elo tão importante no sistema de aviação, mas sim aeroportos devidamente localizados, que atendam sua função e onde exista demanda de ida e volta que, após investimento, justifique e sustente uma infraestrutura aeroportuária na localidade.
Neste artigo procurou-se analisar os principais elementos que definem os aeroportos regionais e a pesquisa mostrou que a tríade “função + potencial de tráfego + oferta”, analisada em conjunto, proporciona condições de caracterizar um aeroporto como regional ou não. A“Função” diz respeito ao foco do aeroporto e o seu papel na localidade. Por “Potencial de Tráfego” gerado tem-se como variáveis explicativas o volume de passageiros, onde muitas bibliografias definiram faixas e, também, o tipo de rota/ligação e a oferta, expressa pela frota de aeronaves e pela infraestrutura disponível.
Para finalizar, é preciso ressaltar o cuidado ao se delimitar essas variáveis em valores numéricos e adaptar essa tríade a cada país conforme a sua necessidade.
Roberta de Roode Torres
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Fonte:BNDES/ANAC/COMAER/EMBRAER/BOEING/EUROCONTROL
Fotos:Azul Conecta/Ceara.gov.br
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