Formação e alocação de controladores no Brasil: tecnologia e inovação

Formação e alocação de controladores no Brasil: tecnologia e inovação

O DECEA dispõe, hoje, de um total de 4.631 controladores.

O tráfego aéreo brasileiro é um dos mais complexos e movimentados do mundo. Conectando cerca de quatro mil aeródromos a mais de um milhão de voos por ano, o País possui um sistema de controle aéreo vigoroso, com tecnologia de ponta e profissionais altamente qualificados que garantem a segurança de mais de 100 milhões de passageiros e um milhão de toneladas de carga transportadas anualmente. Para garantir a segurança dessas operações, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) coordena o Sistema Integrado de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, projetado para integrar as aviações civil e militar nas mesmas infraestruturas operacionais, o que resulta em economia significativa de recursos, procedimentos operacionais e, mesmo, tempo de resposta.

Segundo o Capitão Bruno Garcia Franciscone, da Seção de Planejamento e Gerenciamento de Tráfego Aéreo do DECEA, os controladores de tráfego aéreo são alocados em diferentes órgãos operacionais (como torres de controle, controles de aproximação e centros de controle de área, por exemplo), de acordo com a demanda de tráfego. “Essa distribuição é feita com base em critérios técnicos e operacionais estabelecidos, que definem a carga de trabalho, o número de controladores necessários e as escalas de serviço.”

A Instrução do Comando da Aeronáutica ICA 63-33 é o marco regulatório dessas normas. Ela classifica os órgãos de controle em quatro categorias, conforme a média anual de movimentos aéreos. Por exemplo, aeroportos como os internacionais de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ), que registram mais de 400 mil movimentos por ano, são classificados como Classe 1 e exigem um maior número de controladores. Já aeródromos menores, com menos de 90 mil movimentos anuais, são enquadrados na Classe 4.
“Essa classificação é importante na definição do número de controladores e da carga de trabalho necessária em cada órgão operacional. Além disso, a ICA 63-33 estabelece diretrizes rigorosas para o gerenciamento da fadiga, garantindo que os controladores tenham descanso adequado entre os turnos de trabalho”, afirma o oficial.

A alocação dos controladores também considera a complexidade das operações. Em centros de controle de área, como o de Brasília, que gerencia o tráfego em rotas de longo curso, a demanda por profissionais é maior devido à alta densidade de voos e à necessidade de coordenação com outros centros. Já em aeroportos regionais, a carga de trabalho é menor, mas não menos importante, pois esses locais são essenciais para a conectividade do país. Para além dos padrões internacionais de segurança, o Brasil vem investindo para se manter na vanguarda da atividade. Em 2024, a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (CISCEA), órgão subordinado ao DECEA, deu início a um projeto para o desenvolvimento de um novo sistema especificamente destinado ao gerenciamento e racionalização de escalas de trabalho de controladores de tráfego aéreo.

Baseado em um protótipo anterior e com suporte da Eurocontrol, o sistema, orçado em 2,5 milhões de reais, otimiza o planejamento de horários, considerando a demanda de voos e as competências dos controladores. Sua implementação nos centros de controle de área de Curitiba e Recife representará um avanço significativo.

Para o presidente da CISCEA, Major-Brigadeiro Alexandre Arthur Massena Javoski, o sistema não apenas melhora a eficiência operacional, mas também aprimora a segurança, ao garantir que os controladores estejam nas condições ideais para o desempenho de suas funções. “É essencial planejar com eficiência o trabalho dos controladores. Não se trata apenas de gestão de tempo, mas também de garantir uma operação mais segura. Acreditamos que o sistema possibilitará um planejamento flexível do nosso trabalho diário e dos processos de longo prazo”, afirma.

Também no ano passado, a CISCEA concluiu a implementação do Simulador TWR 360. Num investimento da ordem de 20 milhões de reais, o Simulador foi instalado no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e é uma ferramenta de treinamento de alta tecnologia que reproduz o ambiente de uma torre de controle de aeroporto, permitindo que controladores pratiquem suas operações em um ambiente seguro e controlado. O simulador inclui 22 cenários de aeroportos brasileiros, condições climáticas adversas e emergências, proporcionando uma experiência realista e imersiva.

Além de ser uma ferramenta valiosa para a formação, o simulador ajuda a reduzir custos operacionais, personalizar o treinamento e aumentar a consciência situacional dos controladores, contribuindo para um sistema de controle de tráfego aéreo mais seguro e eficiente.


O DECEA dispõe, hoje, de um total de 4.631 controladores. A cada ano, são formados aproximadamente 100 novos profissionais, que passam por um rigoroso processo de seleção e treinamento na Escola de Especialistas da Aeronáutica. Um detalhe curioso, reflexo da inclusão e diversidade na FAB, é a presença de mulheres no controle aéreo brasileiro. Elas correspondem a mais de 50% do efetivo.
Para garantir o número ideal de controladores, o DECEA realiza estudos periódicos sobre a carga de trabalho e as necessidades de cada órgão. Esses levantamentos viabilizam uma distribuição equilibrada dos profissionais, assegurando que todas as unidades operacionais disponham de efetivo suficiente para lidar com a demanda de maneira segura e eficiente. Essa abordagem reforça a confiabilidade do sistema de controle aéreo brasileiro e contribui para a sua alta performance.
Além disso, o DECEA adota políticas voltadas ao bem-estar dos controladores, considerando que a qualidade do ambiente de trabalho impacta diretamente a eficiência e a segurança das operações. Um cuidado permanente que reflete o compromisso do Brasil com um controle de tráfego aéreo moderno, seguro e alinhado às melhores práticas internacionais.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Reportagem: Daniel Marinho
Fotos: Luiz Perez e Fábio Maciel
Revisão: Cap Rodrigues

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