A informação que recebemos na tela do radar nada mais é que uma onda que bate no alvo e retorna para a aeronave
Quase que semanalmente quando posto uma imagem do radar no meu Instagram venho recebendo pedidos de pilotos para que explique o funcionamento do radar meteorológico de bordo em aeronaves da aviação executiva, normalmente aviões de pequeno porte, e que é importante salientar que não são preparados para entrar dentro de formações meteorológicas pesadas. As primeiras impressões que tem é como está escrito ali na legenda de cores, verde passa, é só chuva fraca, amarelo cuidado, tem chuva moderada, e vermelho fuja que tem muita água, é um CB. Será mesmo que essa leitura está correta? O uso do radar de bordo é mais amplo que isso, precisamos entender algumas coisas aqui. A informação que recebemos na tela do radar nada mais é que uma onda que bate no alvo e retorna para a aeronave, assim nos mostrando uma importante informação, atenção aqui, não necessariamente está marcando chuva ou uma nuvem pesada de grande maturidade, pode também está mostrando uma elevação, um morro, uma cadeia de montanhas. Mas como saber diferenciar chão de morro? nuvens de montanhas? Para termos uma leitura correta no nosso radar precisamos estar atento para alguns ajustes que devem ser feitos cuidadosamente, são eles: Tilt, range, angle e calibração. Mas bem, o que são esses ajustes? Aqui estamos falando de ajustar a antena do radar para o nível de voo desejado, para que seja verificado o nível de voo que estamos ou acima, tirando assim qualquer possibilidade da antena captar o terreno, passando assim uma informação falsa. Também precisamos ajustar a leitura para que possamos ter uma ideia de quantas milhas o alvo (target) está de nossa aeronave.
E por último é importante saber se esse alvo está calibrado da maneira certa e está mostrando a real informação de severidade da nuvem. Temos alguns tipos de nuvens que podem ser captadas no radar de bordo, mas vamos falar de duas aqui, que são: TCU (tower cumulus) e o CB (cumulus nimbus). Sabemos que essas duas nuvens são de forte desenvolvimento vertical trazendo muita convectividade e turbulência, normalmente a identificação dessas nuvens vem em formato mais fácil de leitura, as bordas do target são verdes, depois amarelo e por último vermelho, vale uma observação aqui, em alguns radares temos a coloração rosa, que é um indicador de uma quantidade muito alta de água ou gelo (granizo). Tendo essa leitura no radar o piloto sempre deverá fazer um desvio no mínimo de 15nm dessa formação, pois os ventos nas laterais em nuvens desses formatos estão em fase de maturidade ou dissipação, sendo a de dissipação pior, pois teremos uma quantidade significativa de turbulência nas proximidades do CB, quase sempre deixando o voo muito desconfortável para os ocupantes. O assunto é amplo, temos também que falar sobre as sombras que podem nos atrapalhar na leitura e do formato do target, que pode auxiliar muito na tomada de decisão.
Assunto para outro dia.
Fly safe.
Sobre Cmt. Rômulo
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