Drones feitos em São Carlos pela XMobots levam modernidade e economia ao agronegócio

Drones feitos em São Carlos pela XMobots levam modernidade e economia ao agronegócio

Tecnologia desenvolvida no interior de São Paulo utiliza inteligência artificial e está presente em todos os estados e em outros países

Bastante populares, os drones caíram rapidamente no gosto de jovens e profissionais do audiovisual. Geralmente equipados com pequenas câmeras de alta definição, os equipamentos são capazes de proporcionar imagens além dos limites humanos. Porém, o uso dessas aeronaves de controle remoto vai muito além. Elas executam trabalhos de alto risco, como o de recolher lixo tóxico e auxiliar em resgates de difícil acesso, também estão presentes na área militar e, inclusive, no agronegócio.

Instalada desde 2011 na cidade de São Carlos, a XMobots é uma empresa especialista no assunto. Pioneira na produção de drones voltados para a produção de cana de açúcar, a empresa também é a mais antiga fabricante brasileira de drones direcionados ao setor civil. Além das aeronaves, no local também são desenvolvidos softwares, sensores e tecnologias embarcadas para drones.

Quando a empresa iniciou as suas vendas, o uso da tecnologia ainda se dava em caráter experimental, ou seja, as empresas do agronegócio geralmente de grande porte, efetuavam a aquisição de uma ou duas aeronaves para validar resultados e entender as reais economias trazidas pelos drones. Esse processo durou até meados de 2017. O negócio cresceu e, até este ano, já foram mais de 250 drones produzidos no interior de São Paulo que chegaram a produtores de todos os estados brasileiros e foram além, também foram adquiridos no Chile, Peru e Angola. Em 2021, o mercado norte-americano começará a receber a tecnologia paulista.

Como funcionam 

Diferentes dos drones convencionais, limitados à realização de vídeos e fotografias, os drones no agronegócio, mais especificamente direcionados à produção de cana de açúcar, tem diversas outras finalidades, como mapeamento de grandes lavouras, identificação de pragas, pulverização de agentes químicos e outros ajustes que auxiliam a produção.

“Quando o drone sobrevoa uma lavoura de cana, ele usa um sensor específico que desenvolvemos baseado na assinatura espectral da folha da cana. Em termos simples, isso significa que ele enxerga a cana de um jeito diferente do que ele enxerga o solo e as plantas daninhas. Quando o cliente processa essas imagens, ele tem a opção de rodar o ortomosaico (união de todas as imagens geradas no voo) no XFarming, software de inteligência artificial desenvolvido. O XFarming gera automaticamente dados como detecção de daninhas, falhas de plantio, restituição de linhas de cana, entre outras. E então o cliente tem a opção de pulverizar essas daninhas usando o drone pulverizador”, explicou a gerente comercial da empresa, Thatiana Miloso.

Dessa forma, o produtor pode utilizar o software de voo desenvolvido pela empresa de São Carlos para efetuar a aplicação localizada do agroquímico, somente onde há plantas daninhas que prejudicariam a produção do vegetal. Esse processo traz grande economia de insumo e dinheiro, promovendo maior produtividade e, consequentemente, mais rentabilidade no processo final.

Tecnologia Agro

Apesar dos benefícios que as novas tecnologias podem trazer ao agronegócio, ainda é possível encontrar resistência na adesão por parte de pequenos e médios produtores. “Ainda encontramos uma barreira de entrada, principalmente quando falamos em médios e pequenos proprietários, sobretudo quando eles estão sediados em regiões fora do eixo Sudeste, como Norte e Centro-Oeste”, acrescenta Miloso.

Embrapa Instrumentação, em São Carlos.

Para o pesquisador da Embrapa Instrumentação de São Carlos, Lúcio Jorge, o que dificulta a adesão em larga escala de tecnologias mais sofisticadas é a falta de políticas de crédito que possibilitem produtores menores ter acesso a essas tecnologias.

“É uma questão de custo. A Embrapa consultou todo o quadro de produtores do Brasil e, com isso, uma das coisas que a gente verificou é que os grandes produtores, quase que 100%, já estão aderindo à tecnologias, internet, novos computadores a bordo das máquinas, drones, entre outros. Isso porque eles têm condições de montar equipe, fazer treinamento e investir. Mais de 60% dos pequenos e médios produtores ainda não tem esse acesso. Eles estão tendo acesso de forma indireta, através de cooperativas e associações. É preciso ter mais acesso através de financiamentos, treinamentos e saber o benefício que essas tecnologias trazem”, ressaltou o pesquisador.

O Brasil é dono de 40% da produção mundial de cana de açúcar, foram mais de 600 milhões de toneladas produzidas no último ano. Para se ter ideia do tamanho do mercado que as tecnologias voltadas para a cana, só em São Paulo, podem alcançar, basta levar em consideração os dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os quais indicam que o estado é responsável por quase 53% da produção nacional do vegetal.

Lúcio adverte que o caminho da inovação para o agronegócio não possui porta de retorno. Para ele, os processos tecnológicos, desde a implantação do arado, tratores, veículos autônomos, entre outros, apenas contribuem para melhorias em todos os aspectos do agro.

“A tecnologia mais recente tem proporcionado a melhor automação do processo, pode melhorar a produtividade, gerenciar a produção, redução de custos, principalmente melhorando impactos ambientais no uso de insumos. Com a entrada de novas tecnologias, como o drone, é possível mapear no campo as diferenças, permite que você pulverize com uma gota bem menor e mais direcionada na planta, assim economiza água e insumos, reduz mais de 10 vezes a quantidade de químicos aplicada na planta”, explicou.

Economia 

Já foram produzidos mais de 250 drones na empresa são-carlense

Quando falamos em produtividade, os dados são expressivos na utilização dos drones. Por exemplo, quando há necessidade de um levantamento geográfico. A topografia convencional usualmente avança 10 hectares a cada dia. Quando usados os quadricículos, esse número aumenta para 40 hectares o dia. Se compararmos com um dos drones produzidos pela empresa de São Carlos, é possível mapear 500 hectares em um voo de uma hora.

“Em termos de economia na lavoura, outro ponto importante que podemos abordar é a utilização de mapas gerados pelo drone. Através destes, é possível gerar mapas de aplicação em taxa variável. Como exemplo, na aplicação de herbicida seletivo em um talhão de 350 hectares de algodão (uma área considerada pequena para a cultura) houve uma economia de produto de R$1.480 por hectare”, demonstrou Thatiana Miloso.

Futuro

Chega ser difícil pensar o que as tecnologias do futuro serão capazes de proporcionar para os produtores do agronegócio. A própria inteligência artificial já é uma realidade, materializada em tratores autônomos, irrigadores inteligentes que detectam o nível de umidade do solo e conseguem realizar ações totalmente autônomas. O próprio drone produzido pela empresa do interior de São Paulo consegue identificar uma pequena planta em meio a uma plantação com milhares de hectares e sabe exatamente onde deve aplicar o agente químico.

Para o pesquisador da Embrapa, o futuro estará na junção do mundo tecnológico virtual com a realidade. Quando os dados obtidos por meio de tecnologias puderem ser utilizados para acompanhamento em tempo real não apenas do produtor, mas de todos os envolvidos no processo, em qualquer localização geográfica.

“Agora estamos na era da informação, onde os sensores inteligentes permitem a tomada de decisão em tempo real, o grande salto. Serão os sites de venda, por exemplo. Quando o cliente puder comprar um produto e checar como ele está, saber como foi cuidado, qual tratamento recebeu, etc”, finalizou.

Fonte:Rodrigo Peronti | ACidadeON/São Carlos

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