Desafios para o mercado de trabalho aeronáutico por Marcus Dinelli(Air Talent)

Desafios para o mercado de trabalho aeronáutico por Marcus Dinelli(Air Talent)

60% das profissões que existem hoje não vão mais existir e 85% das profissões que surgirão até 2030 ainda não existem. Infomoney, 21 de Dezembro de 2017.

Há pouco mais de uma década, ninguém acreditaria que andaríamos olhando para telas, visualizando o rosto do ouvinte pelo telefone, entre outras inovações presentes em filmes de ficção científica.

A curva de inovação tem se acentuado exponencialmente. Na década de 90 falávamos em décadas, nos anos 2000 em anos, 2010 em meses e hoje inovações inimagináveis são observadas em semanas. O mesmo acontece com o mercado de trabalho onde é questionado se teremos pilotos embarcados, mecânicos na pista, grandes estoques nos suprimentos, etc. Tudo é incerto, mas como agir nesse momento?

Precisamos trabalhar nossas habilidades e não mais carreira, pois o emprego formal está cada vez mais escasso, como cita a Carta Capital, 1 de Fevereiro de 2018:  “Emprego sem carteira assinada superou o formal pela vez em 2017. No ano passado foi a informalidade que ditou a recuperação do mercado”.

Quem aproveitar suas habilidades e encontrar nichos de mercado nessa nova economia sairá na frente. Tudo tem que ser revisto, desde a educação até profissionais já capacitados e reconhecido pelo mercado devem ter seus modos operativos reavaliados.

Na educação, as realidades imersivas e virtuais vieram para desenvolver as habilidades dos profissionais e prover treinamento adequado simulando a realidade. Os pilotos estão acostumados com os simuladores de voo e essa prática tem se estendido para salas de aula de manutenção e engenharia, aonde pode-se simular uma manutenção simples ou pesada sem colocar em risco milhares de dólares ou vidas humanas.

Nos suprimentos, vários centros de pesquisa e universidades no mundo tem procurado desenvolver peças em impressoras 3D com material aditivo ou tratamento a laser em regiões especificas da peça, para melhorar a performance com grandes diferenças de temperatura e resistência a impactos ou oxidação. Essa revolução reduz a necessidade de logística de cargas aéreas, marítimas ou rodoviárias, os estoques serão eliminados e a medida que houver necessidade, as peças podem ser fabricadas nas unidades que serão utilizadas, nas MROs ou mesmo nas manutenções de linha.

Na pilotagem, os autônomos ameaçam a carreira de pilotos, a EMBRAER e a UBER já formaram uma parceria para desenvolvimento de um drone autônomo para solucionar o problema de transito nas grandes cidades, “Em parceria com Embraer, Uber lança projeto de veículo voador” O Globo, 08 de Maio de 2018.

As habilidades de pilotagem podem ser aproveitadas com conhecimento em meteorologia, motores, navegação, entre outras. Os aeronautas serão cada vez mais gestores de sistemas embarcados ou não. Podem migrar suas habilidades operacionais para gestão e desenvolvimento de drones e torná-los cada vez mais eficientes e seguros.

Empresas tradicionalmente aeronáuticas ou de defesa como a Lockheed Martin deixaram de ser indústria exclusiva para o setor para tornaram-se empresas de inovação. Pesquisas em novos materiais e tecnologias aplicadas nas guerras permitiram o desenvolvimento de centros de pesquisa e de tecnologias extremamente avançadas para agricultura, geração de energia, comunicação, inteligência das coisas, entre outros.

O Covid19 acelerou a necessidade de inovação, as empresas aéreas estão de reinventando, retirando assentos para levar carga, otimizando o espaço das aeronaves afim de melhorar a eficiência tão prejudicada pela necessidade do distanciamento social.

A IATA prevê volta aos patamares de 2019 apenas em 2025, esse ano teremos redução de 50% do volume de passageiros transportados e chegamos a ter 95% de redução dos voos. Aos poucos a demanda vai voltando, mas lentamente e soluções geradas durante a pandemia como conferências online, home office entre outras, vão reduzir a necessidade de viagens de negócios que representa por volta de 50% da demanda das cias aéreas.

O aumento no e-commerce vai na contramão dos negócios afetados pela pandemia, a cultura de se comprar on-line foi amplamente difundida e enraizada em pessoas que não utilizavam essa modalidade, há uma clara tendência de migração de passageiros para carga ou a utilização mista de aeronaves chamadas “quick change” certificadas para passageiros e carga otimizando o uso do equipamento.

A nova revolução industrial acelerada pela pandemia transforma o mercado de trabalho, apesar de não termos noção do que será o amanhã, teremos que refinar nossas habilidades para sermos úteis neste novo mercado que está surgindo e nos modificando a cada dia.

 

Sobre o autor:
Marcus Dinelli
é formado em COMEX e POS Graduado pelo ITA, consultor do Governo de Minas em projetos Aeroespaciais, tem experiência de mais de 20 anos em Logística, Comércio Exterior e Aviação, tendo passado por grandes corporações do Setor como a Lafarge e TIM, Lider Aviação, Total Linhas Aéreas, MAP Linhas Aéreas, CSA – Centro de Serviços Aeronáuticos e, atualmente, diretor da Biotech Logística e sócio da AirTalent. Professor nos MBAs de Gestão de Sistemas Aeroportuários e Gestão de Empresa Aérea.

Fonte:Air Talent

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