Antoine de Saint-Exupéry: 80 anos da partida do piloto-poeta. Por Toni Oliveira

Antoine de Saint-Exupéry: 80 anos da partida do piloto-poeta. Por Toni Oliveira

Seu interesse por aviões também começou na tenra infância e durante as férias, em 1912, fez seu primeiro voo

Era uma vez um piloto cujo avião teve uma pane no deserto do Saara. Ele acorda de manhã, depois de sua primeira noite no distante deserto, e ouve uma “vozinha estranha”. É a voz de uma criança que pede para o homem desenhar um carneiro para ela. O aviador então desenha uma caixa, que agrada ao menino, pois o carneiro está dentro dela. O piloto passa a chamar esse menino de “pequeno príncipe”. A criança faz várias perguntas, mas não responde às perguntas do homem. Mais tarde, ele descobre que o principezinho vem de um longínquo e misterioso asteróide perdido no Espaço.”

Assim se inicia uma das histórias mais belas, mais lidas e apreciadas das últimas décadas. Trata-se do livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, conhecido como o “poeta da aviação” por ter tornado a carreira de piloto matéria-prima de sua literatura. Segundo algumas fontes, mais de 200 milhões de exemplares já foram vendidos em todo o mundo, o que faz dele um dos maiores best-sellers da Literatura mundial. O escritor ficou famoso um pouco antes quando outro  livro seu, “Voo noturno” foi adaptado para o cinema americano.

Exupéry teve uma vida curta, foram apenas 44 anos. Porém, uma vida muito bem vivida, rica, desbravadora, aventureira, alvissareira, porque não dizer globalizada. Conheceu vários países, tendo até morado na Argentina onde conheceu a salvadorenha Consuelo, que também era escritora e com quem se casaria em 1931. Além desta, Antoine fora influenciado, desde cedo, por pessoas ligadas ao mundo da literatura. Filho de um conde e uma condessa, teve uma educação de qualidade em seu país e devido a mudanças na dinâmica familiar, como a morte do seu pai, em 1918, foi morar com uma prima, casada com outro  conde, de Trévise, em Paris. Esta possuía um salão literário, onde Saint-Exupéry teve a oportunidade de conhecer vários escritores famosos. Seu interesse por aviões também começou na tenra infância e durante as férias, em 1912, fez seu primeiro voo. A intenção do escritor sempre foi ingressar na Força Aérea, porém essa ideia sofreu oposição de sua primeira noiva, a também escritora Louise de Vilmorin. No entanto, o noivado com ela durou apenas alguns meses.

Aos 18 anos foi reprovado no exame oral para entrar na Escola Naval. Porém no ano de 1921, ingressou no serviço militar como mecânico assistente, em Estrasburgo. Meses depois, foi transferido para o Marrocos. No fim do ano, conseguiu a licença de piloto militar. Já em 1923, sofreu seu primeiro acidente de avião, durante um voo de lazer.

Com a invasão dos nazistas na França, Exupéry fugiu para os Estados Unidos. Nesse período, escreveu Carta a Um Refém e incentivado por editores americanos, que viram sua habilidade como desenhista amador, começou a fazer uma obra para crianças. Foi quando em 1943, escreveu o livro que se tornaria sua obra mais importante: O Pequeno Príncipe, uma fábula infantil para adultos, cuja obra é rica em simbolismo, com personagens como a serpente, a rosa, o adulto solitário e a raposa. Quem já leu se lembra muito bem deles.

Em 2024 completa-se oitenta anos da partida ou do desaparecimento deste que é considerado um piloto poeta por excelência. Suas duas grandes paixões, voar e escrever, fizeram de Exupéry um ícone tanto para a Aviação como para a Literatura universal. O relato oficial diz que durante uma missão de reconhecimento para a Força Aérea dos Aliados, após uma decolagem de algum ponto do norte da África, fora abatido por um caça alemão.Tal como o pequeno príncipe, no final do seu livro, Saint-Exupéry parece ter apenas desaparecido da terra, pois seu corpo nunca foi encontrado. Em 2004, foram recolhidos os destroços do avião que ele pilotava, a poucos quilômetros da costa de Marselha, na França.

O piloto e escritor francês foi um homem muito à frente do seu tempo, um apaixonado pelos ares, um cidadão do mundo. Fez travessias pelo oceano atlântico correndo risco de vida, ajudando a impulsionar as rotas aéreas entre Europa, África e América. Chegou a pousar no Brasil algumas vezes. Deixou-nos como legado uma rica obra que ainda hoje conquista os corações tanto de crianças como de adultos. Além de  tudo isso, ainda tornou-se um heroi de guerra ao dar sua vida defendendo os países aliados na ferrenha luta contra as forças nazistas durante o triste episódio da Segunda Guerra Mundial. Certamente, ele tem sido um grande exemplo para muitas gerações que vieram a partir dele.

Exupéry conseguiu, como poucos, transitar de maneira única entre duas áreas aparentemente opostas. Não apenas transitar, mas uni-las. Enquanto na Aviação exige-se perícia técnica, muitos cálculos e um raciocínio analítico, a Literatura, principalmente a ficcionista, atua com os sentimentos, com a poesia, alcança o íntimo do coração. Por isso sua originalidade e excepcionalidade fizeram dele uma figura sem–par, alguém que, como o pequeno príncipe, parecia vir de algum outro lugar distante e utópico.

Naquela manhã de 31 julho de 1944, o aviador francês fez sua última decolagem e sumiu no mar Mediterrâneo. O mundo perdia um grande piloto e um notável poeta, porém, seu amor e abnegação por voar e unir povos, bem como sua maestria em nos elevar a lugares nunca antes visitados por meio da arte de escrever, ficaram latentes entre nós convidando-nos a também sonharmos com um mundo melhor, mais inocente, mais humano. Como fazem, tão bem, as crianças.

Exupéry nos ensina e nos ajuda a enxergar mais longe, a ver “o carneiro dentro da caixa”, a buscar o extraordinário, a lutar por um mundo mais leve e a voarmos nas asas da imaginação, afinal, como declarou seu pequeno amigo naquele distante e imaginário deserto, o menino príncipe: “o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”.

Sobre Tony Oliveira

 

Escritor, Graduado em Liderança Avançada pelo Haggai International – Havaí, USA, Especialista em: 1. Educação (Universidade de Brasília); 2. Gestão de Pessoas (ENAP); 3. Docência no Ensino Superior (Universidade Mackenzie) e 4. Teologia e Literatura (IRSP) Bacharel em Teologia

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2 Comentários

  • Marivalda Santos Barbosa
    22/03/2024, 22:33

    Muito interessante o seu texto sobre o inesquecível poeta Exupéry. Digno de aplausos.

    REPLY

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