Armazenagem de combustível de aviação. Por Alexandre Saraiva

Uma das atividades diárias do Operador de abastecimento é verificar a medição do tanque de armazenagem

O combustível da aviação é sabidamente, mediante todo o processo de cuidados e filtração, um dos combustíveis mais limpos do mundo. Me arrisco a dizer que o mais limpo, inclusive. E para garantir essa qualidade o processo de cuidados que devem ser seguidos, não para no recebimento, como vimos anteriormente. O processo é rigoroso diariamente nas unidades operacionais pelo país. E vai desde o tipo de material utilizado, até testes diários que visam garantir o enchimento do CTA – Caminhão Tanque Abastecedor ou mesmo uma expedição para o cliente final atras de SRV – Servidor, com produto de qualidade.

Uma das atividades diárias do Operador de abastecimento é verificar a medição do tanque de armazenagem. Isso ajuda a identificar se há alguma passagem entre tanque devido válvulas abertas esquecidas, também ajuda identificar vazamentos. Lembro que todos os tanques de combustíveis de aviação têm bacia de contenção com capacidade superior à capacidade do tanque.

Essas medições são seguidas de drenagens diárias. Algumas distribuidoras ou revendedoras fazem drenagens mais de uma vez por dia, ou sempre que antecede a utilização do produto do tanque. Ou seja, se vou usar o combustível, eu dreno o produto antes. Essa atividade não se justifica em grandes aeroportos com grande movimentações. Nesses casos não seria a cada uso, e sim a cada liberação do produto para uso, que devido o grande fluxo, ocorre mais de uma vez por dia.

Para que serve essa drenagem? Ela serve para identificar impurezas no combustível de aviação. Tendo em vista que por norma e projeto, todos os tanques aéreos de combustíveis de aviação são dotados de uma inclinação que propicia que toda impureza, seja água ou sólidos se acumulem na parte mais baixa do tanque onde há uma bacia de drenagem.

Ao drenar, o operador já faz uma análise visual do combustível no próprio recipiente, que pode ser um balde de aço inox ou alumínio, ou mesmo por sistema selado, que são tubos de aço que ligam o dreno do tanque a um tanque auxiliar de drenagem, geralmente com capacidade de 100 a 150 litros.

Depois de analisar visualmente o tanque no recipiente de drenagem, o Operador de Abastecimento fará um ensaio visual. O ensaio visual nada mais é que coletar uma parte desse produto no mesmo local da drenagem, não do drenado, mas do mesmo local e colocar em um frasco de vidro transparente sem marcas, tampá-lo com produto dentro e agitar de forma que crie um vórtice com o combustível. Esse vórtice vai permitir que o Operador de Abastecimento verifique o acúmulo de água ou cascalho no centro do frasco. Caso não ocorra, o produto estará APROVADO no ensaio visual.

Feito isso e com o produto aprovado no ensaio visual agora caberá ao Operador verificar a análise de consistência do combustível, ou seja, verificar se ele está consistente com a sua liberação.

Vou explicar melhor. Quando recebemos um combustível em um tanque de armazenagem, esse processo de mistura do combustível que existia com o combustível novo é a análise de Consistência. E saber se a mistura de diferentes densidades, a que existia no tanque e a que chegou, é uma mistura consistente. E como eu sei se ela é consistente? Quando essa mistura fica dentro de um limite aceitável que na aviação é de +-3,00kg/m³ segundo a ABNT NBR 15216/2010, esse produto está consistente. Em um outro episódio falaremos especificamente dessas análises e da densidade média ponderada.

Voltando ao nosso caso, o Operador de Abastecimento fará a verificação da densidade no produto drenado e fará a comparação com a densidade de liberação. A variação permitida é de +-3,00kg/m³ conforme citado acima. Sendo assim e estando dentro do limite aceitável, o produto é liberado para expedição.